Naquela hora, Jesus disse à samaritana: «Mulher, acredite em mim. Está chegando a hora, em que não adorarão o Pai, nem sobre esta montanha nem em Jerusalém. Mas está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e verdade. Porque são estes os adoradores que o Pai procura.
Deus é espírito, e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade.» (Jo 4,21-24)
O Pai, que é rico em Misericórdia, não cessa de nos assistir (pois somos filhos muito amados!) durante a caminhada por este planeta-jardim que Ele nos empresta para ser cuidado, usufruído e partilhado entre irmãos. O carinho de Deus se mostra como assistência de Pai, mas não disfarça suas entranhas maternas. Entre as diversas e criativas formas de falar conosco, lembramos duas: a primeira e fundamental, é a Encarnação do Verbo – o Filho Unigênito – em Jesus de Nazaré. A segunda, o Pai nos fala através dos sinais dos tempos.
João conta em seu Evangelho, que o Mestre não vincula o culto a lugares definidos – Monte Garizin ou Templo de Jerusalém. Ele afirma de que jeito devemos adorar: em espírito e verdade.
Paro um pouco para imaginar um Profeta vendo a nossa realidade. Uma situação de luta, de dor, de tristeza, de isolamento que obrigou o fechamento dos nossos templos. Certamente ele veria as causas, as muitas causas: nós nos esquecemos de cumprir a Lei Maior, o Mandamento do Amor, e a volta ao que é essencial. Mas também veria com clareza o Mundo Novo que vai surgir quando atravessarmos a porta que se esconde no fundo dessa crise. Vai ser um mundo diferente, é certo. Será melhor, se nós formos melhores; será pior, se não aprendermos as lições magistrais do nosso sofrimento.
O fechamento de nossos templos é uma das nossas dores mais profundas. Que essas dores não sejam de agonia, mas de parto. Que nasça um jeito mais precioso de adoração, como o que previu Jesus para os futuros adoradores – em Espírito e Verdade.
Nós vivemos na comunidade e atuamos nela a maior parte do tempo. Importa termos um olhar cristão dela e aprimorar o nosso papel em seu meio. As igrejas-templos nos oferecerão refúgio adequado para o nosso encontro com o Pai e com os irmãos. E ali, quer seja em oração pessoal, quer seja em conjunto com a Comunidade em celebração coletiva, nós louvaremos o Pai, daremos graças pelos dons da vida, da fé e dos nossos talentos – para pensar uma maneira de sairmos do templo para melhor coloca-los a serviço de todos. E sairemos alimentados fartamente com o Pão da Palavra e da Eucaristia.
As Igrejas não estão fechadas sem propósito. O Espírito Santo nos guiará por melhores caminhos na sua reabertura.
Desejo que seja em breve!
+ Dom Aloísio Vitral
Bispo Diocesano de Sete Lagoas
Fonte Diocese de Sete Lagoas